Em discurso feito durante um comício da candidata Dilma Rousseff
(PT), em Campinas (SP), no último sábado (18), o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva criticou a imprensa e declarou que alguns jornais e
revistas estariam atuando como "partidos políticos", e que a mídia só
estaria atacando ele e a petista pelo fato de seu governo ser
"democrata".
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Lula disse, ainda,
que a vitória de Dilma nas urnas não só derrotará os tucanos, mas também
alguns meios de comunicação que "não têm coragem de dizer que têm
partidos políticos, que têm candidatos". Além disso, o presidente
declarou que alguns órgãos de imprensa, que se denominam democratas, não
suportariam informam sobre o crescimento econômico do país.
O líder brasileiro afirmou que quem teria o poder de censurar a mídia
seria o telespectador, o ouvinte e o leitor "que medirá o que é mentira
e o que é verdade". Lula disse que alguns setores da imprensa "chegam a
ser uma vergonha", e que os "pobres não aceitam mais o tal formador de
opinião".
"O dono dos jornais tem lado. O dono da revista tem lado, o dono da
televisão tem lado. Só jornalista acha 'eu sou neutro'", criticou Lula.
Segundo O Estado de S. Paulo, durante o discurso, o presidente ironizou o nome da revista Veja,
chamando-a de "Óia" e chamou os adversários do PMDB de arrogantes,
declarando que os integrantes do partido prejudicariam até mesmo os seus
filiados em benefício próprio.
"Existe uma revista que não lembro o nome dela. Ela destila ódio e mentira. E eu queria pedir para você Dilma e você Aloizio (Mercadante, candidato ao governo de São Paulo):
não percam o bom humor, eu já ganhei, eu não disputo voto. Outra vez
nós vamos derrotar nossos adversários tucanos, vamos derrotar alguns
jornais e revistas que se comportam como se fossem um partido político",
discursou o presidente.
Entidades reagem
As críticas feitas pelo presidente no sábado foram recebidas com
preocupação por entidades que defendem a liberdade de imprensa, como a
Associação Nacional dos Jornais (ANJ), e a Associação Brasileira das
Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Em nota, a ANJ declarou que o discurso de Lula foi "lamentável e
preocupante": "É lamentável e preocupante que o Presidente da República
se aproxime do final de seu mandato manifestando desconhecimento em
relação ao papel da imprensa nas sociedades democráticas".
A associação ressaltou que a imprensa tem como principal função
"levar à sociedade toda informação, opinião e crítica", mesmo que ela
não agrade aos governantes.
Já a Abert informou que as afirmações de Lula foram "infelizes", e
que as declarações poderiam "não refletir efetivamente o pensamento" do
presidente, que por várias vezes havia mostrado seu "apreço pela
imprensa".
Até mesmo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifestou,
dizendo que o discurso do ex-torneiro mecânico prestou "um desserviço à
Constituição e ao Brasil" ao demonstrar certa "intolerância" com o
princípio de liberdade de expressão, garantido pela Carta e que
fortalece a democracia no país.
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